quarta-feira, 14 de outubro de 2009



ATIVIDADE FÍSICA E OSTEOPOROSE


João Gabbardo dos Reis*


Após a revolução industrial, uma das mudanças de comportamento que tivemos, foi a dramática redução da atividade física. A máquina passou a nos substituir no trabalho físico, os veículos reduziram nossos deslocamentos, e ficamos dependentes do controle remoto, das escadas rolantes, dos elevadores e finalmente do computador.
Nossa população aumentou de peso, não por aumento da ingestão calórica, que diminuiu neste período, mas porque reduzimos nosso gasto de calorias.
Neste período, as vacinas e os antibióticos eliminaram agravos, a melhoria das condições de saneamento básico reduziu as doenças infecciosas, a mortalidade infantil caiu e a expectativa média de vida aumentou consideravelmente, e com ela, as doenças relacionadas ao nosso novo estilo de vida: a obesidade, a hipertensão, a diabetes, as doenças cardiovasculares, o câncer e os acidentes.
Dentre elas, uma vem crescendo de forma assustadora, decorrência do processo de envelhecimento de nossa população associada a novos hábitos alimentares e principalmente pelo sedentarismo, a osteoporose.
Ela decorre de um processo de descalcificação óssea, que se manifesta principalmente no período da menopausa, quando a perda óssea pode atingir de 1 a 3% ao ano, que vai acentuando-se com a diminuição de estrógeno, que é o principal hormônio regulador do metabolismo ósseo. Também pode ocorrer em homens (em menor percentual), com a redução da testosterona.
Este processo de descalcificação óssea é compensado por mecanismos de controle relacionados à atividade física. Isto é comprovado quando indivíduos ficam impedidos de movimentar-se, nos leitos hospitalares, e perdem até 20% do conteúdo mineral do fêmur. Outro exemplo é dos astronautas que, por falta de atividade física e força da gravidade, perdem conteúdo do calcâneo.
Nota-se que indivíduos ativos apresentam massa óssea mais densa, mostrando que um dos meios de evitar a porosidade excessiva dos ossos é adotar um estilo de vida ativo, uma vez que o exercício físico é capaz de provocar adaptações no sistema ósseo como o aumento da calcificação, reestabilizar o aparelho locomotor, melhorar a capacidade aeróbica dos idosos e reduzir o risco de quedas ocasionadas por falta de força, flexibilidade ou coordenação.
Assim como os músculos, os ossos permanecem fortes com a prática de exercícios regulares. A manutenção da massa óssea, ou sua hipertrofia, parece estar relacionada não só com a contração muscular, mas também com a ação da gravidade e com o estresse mecânico a que o osso está submetido.
Exercícios com sustentação do peso do corpo, como caminhada, jogging e dança, foram os primeiros exercícios de terapia prescritos para reduzir a perda óssea associada à menopausa.
Por outro lado, natação e hidroginástica excelentes como atividade aeróbica além e para manter as articulações em movimento, não exercem nenhuma pressão sobre o sistema locomotor não se tornando tão eficaz quanto as outras formas de exercícios para frear os efeitos nocivos da osteoporose, por não criar qualquer efeito piezelétrico (transformação de energia mecânica em elétrica), que estimula os osteoblastos, células que concentram o cálcio, mineralizando a matriz óssea.
O exercício agudo não intenso parece aumentar os níveis de calcitonina e vitamina D, resultando num balanço positivo de cálcio e prevenindo a reabsorção óssea. O exercício crônico aparentemente não exerce influencia na liberação de calcitonina nem de vitamina D.

Quando se compara as diversas modalidades de atividade física verifica-se que a natação é superada por "jogging" e caminhadas. Futebolistas e corredores de velocidade vêm a seguir, com maior massa óssea. Acima desses atletas aparecem os corredores de longa distância, e com ainda maior massa óssea, os atletas treinados com pesos. Os mais altos níveis de densidade óssea ocorrem entre levantadores de peso.
Essas observações permitem concluir que os efeitos osteogênicos dos exercícios parecem ser máximos nos esforços curtos de alta intensidade ou nos esforços moderados de longa duração.
Tenistas chegam a apresentar 30 % mais espessura na cortical dos ossos do braço e ante-braço dominantes em relação ao lado oposto.
Sabe-se que os exercícios funcionam melhor como estimulantes da osteogênese na presença de hormônios sexuais. Um aspecto relevante é que os exercícios aumentam os níveis de hormônios sexuais e hormônio do crescimento proporcionalmente à sua intensidade. Os exercícios com pesos são os mais eficientes para aumentar a massa óssea.
Recente pesquisa, divulgada pelo Ministério da Saúde, diz que apenas 16,4% da população brasileira é considerada ativa, de acordo com critérios estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde, ou seja, no mínimo 30 min de exercícios de moderada intensidade por pelo menos 5 vezes por semana.

· Médico e Ultramaratonista (
www.correndocomsaude.wordpress.com)


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